1. |
quarto mudo
10:11
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você me disse uma vez
quando eu vou sair daqui
e tudo que eu pensei
foi em sumir mais uma vez
e eu não me importo mais
em saber onde você está
e eu não me importo mais
aonde você vai deitar
a TV sempre ligada
minha cama desfeita
e eu me sinto bem
no mundo que eu criei
você me disse uma vez
quando eu vou sair daqui
e tudo que eu pensei
foi em sumir mais uma vez
e eu não me importo mais
em saber onde você está
e eu não me importo mais
aonde você vai deitar
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2. |
mal-agradecido
05:10
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por essa eu não esperava
saiu de cima de mim
pegou suas roupas
e bateu a porta
e mesmo sem saber
eu me olho ao espelho
completamente nu
e entendo sua ânsia
e em noite passadas
lembro de toda a inveja
dos gritos no escuro
e de encher a cara
e eu aqui, envolvido em repulso
e com saudades da miséria
me pergunto todos os dias:
“quando irei me esquecer?”
“você não sabe responder”
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3. |
zolpidem
09:27
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será que alguém
vai lembrar?
não há nada.
não há ninguém aqui.
e a luz começava a cair de novo,
mas não era dia nem era noite.
e enquanto a chuva escorria pelas escadas,
o tempo parecia ter desaparecido.
as ruas vazias começavam a tremer,
e as sirenes ecoavam de longe,
mas nunca realmente amanhecia.
eu tentava gritar,
mas minha voz
havia desaparecido.
ninguém ali existia,
mas ninguém acreditava em mim.
será que alguém
vai lembrar?
não há nada.
não há ninguém aqui.
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4. |
contramão
04:58
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“quatro e meia da manhã e eu tou aqui. deitado e jogado no banco de trás do carro. mais uma vez eu enchi a cara e me arrependi como se eu já não tivesse feito isso antes. e sem saber o que fiz ou que crime eu cometi, o cheiro do cigarro impregnado em toda minha roupa vai enjoando minha cabeça perdida nas frustrações que a noite me deu.
de relance, vejo as luzes borradas da noite me levando para um caminho que eu não pedi. o som do carro toca duster, codeine e outras músicas que nem consegui ouvir, bem no momento que a lucidez volta com o peso de tudo que tentei me livrar: dos todos os rostos que quis apagar, das músicas ruins que quis dançar, do gosto amargo da bebida que quis vomitar e que deveriam ter ido embora junto com o maço que eu fumei até o fim.
e por um momento, quando as luzes se apagavam e eu cambeleava até meu quarto. eu pensei em te ligar, e dizer que no fim das contas você estava certa.
eu sempre andei na contra-mão.”
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5. |
drive by
11:50
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hoje eu volto sozinho
são só onze horas
com o rancor em meu bolso
eu atropelo a noite
a minha pistola carregada
com raiva reprimida
mata a queima roupa
o otário na esquina
em meu carro em chamas
eu acho o meu rumo
120 por hora
direto no seu muro
e o meu corpo rasgado
jogado em seu quarto
pede por um abrigo
fugindo do rancor
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6. |
heitor
08:34
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hoje eu me parabenizei por conseguir não pensar nenhuma vez em você
mas do que eu sei da vida dos outros?
eu não faço mais nada da minha vida a não ser pensar em tempo perdido
tive que reaprender a respirar mas fingi como se eu nem tivesse ouvido
mais uma vez saí de casa mais cedo que o habitual
era um dia cinza e o céu ameaçava desabar
eu desci seis estações depois da minha
do que a gente sabe da cidade dos outros?
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maquinas CE, Brazil
maquinas - O Cão de Toda Noite
New album available here and Mercúrio Música's Bandcamp
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allan dias / roberto borges / gabriel de sousa / yuri costa / ayla lemos
Signed by Mercúrio Música (Brazil)
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